É possível ser ambientalista e comer carne?

Você já se perguntou se é possível ser ambientalista e comer carne?

Ser ambientalista significa defender ativamente o meio ambiente, no qual encontramos animais, zonas silvestres, massas de água, cultura humana e urbanização. “Meio ambiente” é uma categoria social por excelência. Por quê?

Porque o conceito já implica a relação que mantemos com ele, os modos de produção, apropriação e utilização. Além disso, tanto “ambientalista” como “meio” são criações da nossa linguagem que carregam significados culturais.

Não são, portanto, palavras soltas ou casuais, e sim termos que expressam o olhar e a compreensão do ser humano sobre si mesmo e sobre tudo que o rodeia.

Hoje em dia, o modo de produção de alimentos e bens de consumo se baseia na exploração indiscriminada e cruel de recursos finitos e animais. E o sistema carnívoro (ou cárnico) é extremamente prejudicial para o planeta.

A seguir, vamos nos aprofundar nessa questão para tentar responder se é possível ser ambientalista e comer carne. Confira:

O Apogeu do Reclamo Ambientalista

Antes mesmo da realização da Cúpula da Ação Climática 2019, a ONU já apontava para os efeitos das mudanças climáticas. Basicamente, vinha propondo um debate focado nas possibilidades e estratégias de reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE).

A seguir, citamos um fragmento do seu Comunicado oficial:

“A Cúpula reunirá governos, setor privado, sociedade civil, autoridades locais e outras organizações internacionais para desenvolver soluções ambiciosas em seis áreas: a transição global a energias renováveis; infra-estruturas e cidades sustentáveis e resilientes; agricultura e organização sustentável dos nossos oceanos e bosques, resiliência e adaptação às mudanças climáticas; e a convergência do financiamento público e privado com uma economia de emissões netas zero.”

Qual é a proposta central da ONU? Transformar profundamente as economias tendo como base o estabelecimento de objetivos concretos de desenvolvimento sustentável.

Nesse contexto, as manifestações ambientalistas mandaram seu recado e se fizeram escutar no mundo inteiro. Greta Thunberg emergiu e se reafirmou como um símbolo dentro desse movimento. E em inúmeros países, milhares de cidadãos se reuniram para se manifestar pelo bem-estar do nosso planeta.

Os eixos mais problemáticos

A FAO indica que as mudanças climáticas ameaçam nossa capacidade de garantir a segurança alimentar mundial e erradicar a pobreza. O objetivo de alcançar um desenvolvimento sustentável é imperativo! Vejamos alguns números esclarecedores:

  • As indústrias agropecuárias mundiais representam 14,5% de todas as emissões de gases do efeito estufa causadas pelo homem.
  • Pelo menos 26% do solo fértil do planeta é utilizada para alimentar o gado.
  • Atualmente, 33% de todos os cultivos são destinados à alimentação do gado, e não de pessoas.
  • O desmatamento continua sendo uma realidade assustadora. Na selva amazônica, a quantidade de árvores cortadas a cada hora equivale à área de 1.5 campos de futebol. Quase todos esses espaços são desmatados para permitir que o gado paste.
  • A disponibilidade de água é outro fator chave dos desperdícios provocados pelo sistema agropecuário. A criação de animais utiliza 1/3 das reservas de água potável disponíveis. Enquanto isso, 700 milhões de pessoas sofrem com a escassez de água potável no mundo inteiro.
  • A grande quantidade de CO2 absorvido pelos oceanos provoca a crescente acidificação das massas de água. As zonas oceânicas mortas estão diretamente relacionadas com o estrume do gado e o escoamento agrícola. A medida que a temperatura dos oceanos aumenta, os recifes de corais morrem e a água se torna cada vez mais ácida. A acidificação dos oceanos dificulta a sobrevivência e o desenvolvimento ótimo dos ecossistemas marinhos.

Mudanças climáticas e Produtividade agrícola

As mudanças climáticas afetam direta e indiretamente a produtividade agrícola, mediante fenômenos como:

  • Alterações nos padrões de chuva
  • Secas e inundações
  • Redistribuição geográfica de pragas e doenças

A FAO ajuda os países a aliviar e se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas, através de um amplo leque de programas e incentivos. Eles fazem parte da Agenda 2030 e dos objetivos de desenvolvimento sustentável.

Para resumir…

No fim das contas, não parece muito coerente ser ambientalista e comer carne. É lógico que isso é possível, porque cada pessoa é livre para fazer suas próprias escolhas. Mas considerando o impacto nocivo do sistema agropecuário no meio ambiente, torna-se uma contradição defender a luta ambientalista e continuar financiando um dos principais responsáveis pela degradação dos nossos ecossistemas.

Que tipo de consciência desenvolve um ambientalista se, na prática, acaba fomentando aquilo que diz combater? Por isso, adotar uma dieta a base de plantas (plant-based) é uma das melhores maneiras de ajudar nosso lar, o planeta Terra.

E você, o que pensa sobre essa questão? Deixe sua opinião nos comentários e contribua para o nosso debate. Adoramos ler você!

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